Assunto de Estado
Tenho para mim a convicção que foi lançada contra o Primeiro-Ministro uma abjecta campanha difamatória a soldo de interesses políticos e económicos, alguns deles antagónicos entre si.Esta convicção não releva a necessidade e o interesse, aliás já manifestado por José Sócrates, em que a justiça esclareça todas as dúvidas sobre o processo em questão. Num estado de direito ninguém está acima da lei.
Mas o que temos assistido é a um processo de execução sumária do chefe do governo responsável pela implementação de reformas estruturantes que mexem com interesses corporativos há décadas instalados e com poderosos “lobbies”.
Tem razão o PR quando afirma estarmos perante um assunto de Estado. A menos que se pretenda a própria destruição do Estado, órgãos de soberania e suas instituições é que se poderá aceitar o modo “científico” como se vem promovendo criteriosamente a deliberada violação do segredo de justiça a par da desenfreada onda, insinuantemente difamatória, de mentiras, “meias verdades”e suposições sobre a vida de Sócrates.
É um assunto de Estado que a justiça tenha condições de independência do poder político e que funcione isenta de pressões da condenação do tribunal popular e mediático, mas é igualmente um assunto de qualquer Estado democrático não participar no enxovalho público do seu Primeiro-Ministro.
Por isso aplaudo o discernimento de Cavaco e Silva em recusar-se a alimentar o circo montado. Em nome da salvaguarda do Estado e das suas instituições.
Miguel Coelho
Fonte: PS Concelhia de Lisboa
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